FABACEAE

Tachigali denudata (Vogel) Oliveira-Filho

VU

EOO:

657.680,365 Km2

AOO:

424,00 Km2

Endêmica do Brasil:

Sim

Detalhes:

Espécie endêmica do Brasil (Flora do Brasil 2020 em construção, 2019), com ocorrência nos estados: BAHIA, município Conceição da Barra (Luiza s.n.); ESPÍRITO SANTO, município Aracruz (Carnevale 23); MINAS GERAIS, municípios Ingaí (Botrel s.n.), Januária (Menino s.n.), Lavras (Gavilanes 4113); PARANÁ, municípios Adrianópolis (Ribas 3203), Antonina (Hatschbach 62082), Bocaiúva do Sul (Hatschbach 20258), Guaraqueçaba (Hatschbach 43188), Guaratuba (Hatschbach 53528), Tunas do Paraná (Ribas 7101); RIO DE JANEIRO, município Angra dos Reis (Oliveira s.n.), Itatiaia (Barros 57), Mangaratiba (Souza 87), Paraty (Peterson 13), Rio de Janeiro (Glaziou 13735), Santa Maria Madalena (Lima 3029); SÃO PAULO, municípios Areias (Serafim 38), Biritiba Mirim (Souza 561), Cabreúva (Hoehne s.n.), Cajamar (Escobar 154), Cananéia (Barros 1750), Capão Bonito (Mattos 13933), Caraguatatuba (Marcelo s.n.), Cotia (Bernacci s.n.), Cubatão (Hermógenes 20810), Cunha (Ivanauskas s.n.), Eldorado (Rodrigues 203), Guarulhos (Almeida 1053), Ibiúna (Bernacci 3482), Iguape (Lorenzi 509), Itapetininga (Mattos 13909), Itapeva (Cielo-Filho 742), Juquiá (Barreto 3316), Juquitiba (Polisel 363), Paraguaçu Paulista (Lorenzi 28760), Pariquera Açú (Árbocz 33404), Salesópolis (Rossi 1665), São Bernardo do Campo (Godoi 435), São Luiz do Paraitinga (Padgurschi M475), São Miguel Arcanjo (Silva 303), São Paulo (Garcia 233), Sete Barras (Guilherme 342), Tapiraí (Kuntz 1068), Ubatuba (Campos 963).

Avaliação de risco:

Ano de avaliação: 2019
Avaliador: Raquel Negrão
Revisor: Marta Moraes
Critério: A2cd;B2ab(i,ii,iii,iv)
Categoria: VU
Justificativa:

Árvores de até 40 m de altura, endêmica do Brasil (Flora do Brasil 2020 em construção, 2019). A espécie é popularmente conhecida por "passuaré" (Freitas 2010), "caixêta-amarela" e "caingá" (RJ), "passariúva" (SP) (Silva, 2007), e "Angá" (Medeiros, 2009). Entre os pescadores na Reserva Ecológica da Juatinga, no município de Paraty, RJ, é conhecida como "ingá-amarelo" ou "ingá-ferro" (Machado, 2010). Possui valor econômico, sendo sua madeira altamente empregada na indústria moveleira, carpintaria e construção civil (Medeiros 2009; Borges & Peixoto, 2009) e também na fabricação de canoas caiçaras, especialmente na região de Paraty (RJ) e Ubatuba (SP) (de Paula et al., 2019). Ocorre nos domínios da Mata Atlântica, sendo coletada em Floresta Ombrófila (Flora do Brasil 2020 em construção, 2019) nos estados de Bahia, Espírito Santo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, São Paulo e Paraná, que concentram as mais populosas cidades brasileiras. Apresenta AOO=440 km², distribuída em população severamente fragmentada, sujeita a até 10 situações de ameaça. A espécie foi considerada comum por Werneck et al. (2000) e Silva (2007) e também como uma das espécies mais frequentes em Paraty (RJ) e Ubatuba (SP) (de Paula et al., 2019). Desmatamento, expansão urbana, agricultura, pecuária, mineração e turismo (Simões e Lino, 2003 MMA/IBAMA, 2003; SOS Mata Atlântica/INPE - Aqui tem Mata, 2019; SOS Mata Atlântica e INPE, 2019) são responsáveis pelo declínio de EOO, AOO, qualidade do habitat e número de subpopulações. O Atlas da Mata Atlântica (SOS Mata Atlântica e INPE, 2019) indica que restam apenas 16,2 milhões de hectares de florestas nativas mais preservadas acima de 3 hectares na Mata Atlântica, tendo sido desmatados 87,6% da área original do bioma. Apesar dos resultados positivos pela adesão de estados a politica de desmatamento zero da Mata Atlântica, cinco estados ainda mantém índices inaceitáveis de desmatamento, entre eles, três estados de ocorrência da espécie: Minas Gerais com 3379 ha, Paraná com 2049 ha e Bahia com 1985 ha desmatados no último período entre 2017-2018 (SOS Mata Atlântica e INPE, 2019). A espécie foi avaliada como "Quase ameaçada" (NT) de extinção em avaliação de risco de extinção, em nível nacional, considerando possível redução populacional, chegando a VU em curto-prazo por declínio associado ao uso (CNCFlora, 2012.2). Considerando a população como severamente fragmentada e redução populacional passada por causas não cessadas com base na atualização da informação sobre nível de ameaça da Mata Atlântica (SOS Mata Atlântica e INPE, 2019), a espécie passa a ser avaliada como "Vulnerável"(VU). A avaliação de risco acessada pelos critérios A2 e B2 foi assumida uma vez que os três maiores estados de ocorrência da espécie entre seis (Bahia, Paraná e Minas Gerais) ainda não conseguiram manter o compromisso de desmatamento zero para o Bioma Mata Atlântica. Dessa forma, é possível suspeitar que a espécie tenha sofrido um declínio populacional de pelo menos 30% nas últimas três gerações, que deve ultrapassar 100 anos, considerando seu ciclo de vida longo. Porém, a espécie está incluída as espécie mais usadas nas canoas de fabricação apenas mais recentemente (de Paula, et al., 2019), o que indica que o uso tradicional da espécie pelos caiçaras não tenha sido o principal fator da inferida redução populacional. Portanto, recomenda-se pesquisa aprofundada sobre tendência populacional, incluindo projeção de declínios futuros, especialmente considerando os atuais níveis de desmatamento nos diferentes habitats de ocorrência da espécie. Existem dados indicando o uso da espécie em áreas de reflorestamento de áreas degradadas ou enriquecimento de áreas perturbadas (Medeiros, 2009), bem como um antigo registro de cultivo em um viveiro no estado do Rio de Janeiro (Vieira et al., 2008). Portanto, recomenda-se definição de ações de conservação ex-situ, incluindo estoque em banco de sementes para repovoamento de populações locais em declínio. Ainda, considerando os atuais níveis de exploração e a pressão de exploração sobre espécies mais ameaçadas por parte da indústria, recomenda-se a regulação da exploração com base em uso sustentável pelas populações tradicionais e o estabelecimento de uma legislação comercial para industria, como por exemplo o lançamento da candidatura da espécie para inclusão na listagem CITES.

Último avistamento: 2016
Possivelmente extinta? Não
Severamente fragmentada? Sim
Razão para reavaliação? Other
Justificativa para reavaliação:

A espécie foi avaliada pelo CNCFlora em 2013 e consta como "Quase Ameaçada" (NT) no Livro Vermelho da Flora do Brasil (Martinelli e Moraes, 2013), sendo então necessário que tenha seu estado de conservação reavaliado após 5 anos da última avaliação.

Houve mudança de categoria: Sim
Histórico:
Ano da valiação Categoria
2012 NT

Perfil da espécie:

Obra princeps:

Descrita em 1837 como Sclerolobium denudatum, foi recombinada em 2006 como Tachigalia denudata em Catalogo das Arvores Nativas de Minas Gerais 140. 2006. Nome popular ingá-ferro (Smith s.n.) em Ubatuba, (SP).

Valor econômico:

Potencial valor econômico: Sim
Detalhes: A espécie possui alto potencial madeireiro, sendo empregada na indústria moveleira, carpintaria e construção civil (Medeiros 2009; Borges & Peixoto, 2009).

População:

Flutuação extrema: Desconhecido
Detalhes: A espécie apresentou um total de 96 indivíduos entre diferentes estudos ecológicos em localidades distintas (Freitas, 2010; Aguiar, 2003; Silva, 2003; Louzada, 2002; Ivanauskas, 1997). Além disso, foi apontada como comum por Werneck et al. (2000) e Silva (2007).
Referências:
  1. Freitas, H.S., 2010. Caracterização florística e estrutural do componente arbóreo de três fragmentos de Floresta Estacional Semidecidual da região leste do Vale do Paraíba SP. Dissertação de Mestrado. Universidade de São Paulo, São Paulo, SP.
  2. Aguiar, O.T.D., 2003. Comparação entre os Métodos de Quadrantes e Parcelas na Caracterização da Composição Florística e Fitossociológica de um Trecho de Floresta Ombrófila Densa no Parque Estadual "Carlos Botelho" - São Miguel Arcanjo, São Paulo. Dissertação de Mestrado. Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz, USP, Piracicaba, SP.
  3. Silva, C.T., 2003. Dinâmica da vegetação de uma floresta secundária no município de Viçosa, MG. Dissertação de mestrado. Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, MG.
  4. Louzada, C. 2002. Composição florística e estrutura de vegetação arbórea em diferentes condições fisiográficas de um fragmento de floresta estacional semidecidual secundária, na Zona da Mata de Minas Gerais. 2002. 149 f. Dissertação (Mestrado em Ciência Florestal). Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, MG.
  5. Ivanauskas, N.M., 1997. Caracterização Florística e Fisionômica da Floresta Atlântica sobre a Formação Pariquera-Açi, na Zona da Morraria Costeira do Estado de São Paulo. Dissertação de mestrado. Universidade Estadual de Campinas, Campinas SP.
  6. Werneck, M.D.S., Pedralli, G., Koenig, R., Giseke, L.F., 2000. Florística e estrutura de três trechos de uma floresta semidecídua na Estação Ecológica do Tripuí, Ouro Preto, MG. Rev. Bras. Botânica. doi:10.1590/s0100-84042000000100011
  7. Silva, L.F.G. da, Lima, H.C. de, 2018. Mudanças nomenclaturais no gênero Tachigali Aubl. (Leguminosae - Caesalpinioideae) no Brasil. Rodriguésia. doi:10.1590/2175-7860200758214

Ecologia:

Substrato: terrestrial
Forma de vida: tree
Biomas: Mata Atlântica
Vegetação: Floresta Ciliar e/ou de Galeria, Floresta Ombrófila (Floresta Pluvial)
Habitats: 1.6 Subtropical/Tropical Moist Lowland Forest
Detalhes: Árvores de até 40 m de altura (Barros 1268), ocorrendo nos domínios da Mata Atlântica na Floresta Ciliar ou Galeria, Floresta Ombrófila (= Floresta Pluvial) (Flora do Brasil 2020 em construção, 2019).
Referências:
  1. Fabaceae in Flora do Brasil 2020 em construção. Jardim Botânico do Rio de Janeiro.Disponível em: <http://reflora.jbrj.gov.br/reflora/floradobrasil/FB100907>. Acesso em: 13 Jun. 2019

Ameaças (2):

Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.1 Ecosystem conversion 1.1 Housing & urban areas habitat past,present,future national very high
Vivem no entorno da Mata Atlântica aproximadamente 100 milhões de habitantes, os quais exercem enorme pressão sobre seus remanescentes, seja por seu espaço, seja pelos seus inúmeros recursos. Ainda que restem exíguos 7,3% de sua área original, apresenta uma das maiores biodiversidades do planeta. A ameaça de extinção de algumas espécies ocorre porque existe pressão do extrativismo predatório sobre determinadas espécies de valor econômico e também porque existe pressão sobre seus habitats, sejam, entre outros motivos, pela especulação imobiliária, seja pela centenária prática de transformar floresta em área agrícola (Simões e Lino, 2003).
Referências:
  1. Simões, L.L., Lino, C.F., 2003. Sutentável Mata Atlântica: a exploração de seus recursos florestais. São Paulo: Senac.
Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.1 Ecosystem conversion 5.3 Logging & wood harvesting habitat,mature individuals past,present,future national very high
O Atlas da Mata Atlântica (SOS Mata Atlântica e INPE, 2019) indica que restam 16,2 milhões de hectares de florestas nativas mais preservadas acima de 3 hectares na Mata Atlântica, o equivalente a 12,4% da área original do bioma. O desmatamento da Mata Atlântica entre 2017 e 2018 caiu 9,3% em relação ao período anterior (2016-2017), que por sua vez já tinha sido o menor desmatamento registrado pela série histórica do Atlas da Mata Atlântica, iniciativa da Fundação SOS Mata Atlântica e do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), que monitora o bioma desde 1985. Além disso, foi verificado aumento do número de estados no nível do desmatamento zero, de 7 para 9, sendo que outros 3 estão bem próximos. Dos 17 estados, nove estão no nível do desmatamento zero, com desflorestamentos abaixo de 100 hectares, ou 1 Km². São eles: Ceará (7 ha), Alagoas (8 ha), Rio Grande do Norte (13 ha), Rio de Janeiro (18 ha), Espírito Santo (19 ha), Paraíba (33 ha), Pernambuco (90 ha), São Paulo (96 ha) e Sergipe (98 ha). Outros três estados estão a caminho desse índice: Mato Grosso do Sul (140 ha), Rio Grande do Sul (171 ha) e Goiás (289 ha). Apesar dos resultados positivos, cinco estados ainda mantém índices inaceitáveis de desmatamento: Minas Gerais (3.379 ha), Paraná (2.049 ha), Piauí (2.100 ha), Bahia (1.985 ha) e Santa Catarina (905 ha). O relatório aponta que no último ano foram destruídos 11.399 hectares (ha), ou 113 Km², de áreas de Mata Atlântica acima de 3 hectares nos 17 estados do bioma. No ano anterior, o desmatamento tinha sido de 12.562 hectares (125 Km²).
Referências:
  1. Fundação SOS Mata Atlântica e INPE, 2019. Atlas dos remanescentes florestais da Mata Atlântica. Período 2017- 2018. Relatório Técnico, São Paulo. 35p.

Ações de conservação (3):

Ação Situação
1.1 Site/area protection on going
a espécie foi registrada em PARQUE NACIONAL DA TIJUCA (PI), APA DA PEDRA BRANCA (US), PARQUE NACIONAL DO ITATIAIA (PI), MONUMENTO NATURAL MUNICIPAL DO PICO DO ITAGUARÉ (PI), PARQUE ESTADUAL DO DESENGANO (PI), FLORESTA NACIONAL DE RIO PRETO (US), ÁREA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL BACIA DO RIO PANDEIROS (US).
Referências:
Ação Situação
5.1.2 National level on going
A espécie ocorre no território de abrangência do Plano de Ação Nacional para a conservação da flora endêmica ameaçada de extinção do estado do Rio de Janeiro (Pougy et al., 2018).
Referências:
  1. Pougy, N., Martins, E., Verdi, M., Fernandez, E., Loyola, R., Silveira-Filho, T.B., Martinelli, G. (Orgs.), 2018. Plano de Ação Nacional para a conservação da flora endêmica ameaçada de extinção do estado do Rio de Janeiro. Secretaria de Estado do Ambiente -SEA : Andrea Jakobsson Estúdio, Rio de Janeiro. 80 p.
Ação Situação
1.1 Site/area protection needed
A espécie ocorre em um território que será contemplado por Plano de Ação Nacional (PAN) Territorial, no âmbito do projeto GEF pró-espécies: todos contra a extinção : Território Espírito Santo- 33 (ES), Território Rio de Janeiro - 32 (RJ) e Território Centro Minas - 10 (MG).

Ações de conservação (2):

Uso Proveniência Recurso
13. Pets/display animals, horticulture cultivated whole plant
É empregada em reflorestamentos de áreas degradadas ou enriquecimento de áreas perturbadas (Medeiros, 2009).
Referências:
  1. Medeiros, A.D.S., 2009. Leguminosas Arbóreas da Marmbaia, RJ. Monografia. Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. Seropédica, RJ.
Uso Proveniência Recurso
9. Construction/structural materials natural stalk
A espécie possui alto potencial madeireiro, sendo empregada na indústria moveleira, carpintaria e construção civil (Medeiros 2009; Borges & Peixoto, 2009).
Referências:
  1. Medeiros, A.D.S., 2009. Leguminosas Arbóreas da Marmbaia, RJ. Monografia. Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. Seropédica, RJ.
  2. Borges, R., Peixoto, A.L., 2009. Conhecimento e uso de plantas em uma comunidade caiçara do litoral sul do Estado do Rio de Janeiro, Brasil. Acta Bot. Brasilica. doi:10.1590/s0102-33062009000300017